O Fusca é um dos modelos mais amados e icônicos já criados – mas sua jornada é mais complexa do que qualquer outro carro existente. Originário de um projeto da década de 1930, o carro foi produzido praticamente no mundo inteiro, com diversos nomes e apelidos. No Brasil, o Fusca foi nacionalizado em 1959, mas já era vendido por aqui há muito tempo, sendo exportado e montado no Brasil desde o início da década de 1950. Hoje vamos conhecer a história do Fusca 1303S GSR, a versão GTI esportida que nunca veio ao Brasil.
Ao longo do tempo, a Volkswagen lançou algumas versões bem interessantes na Europa, como o Fusca conversível e o Super Beetle 1303. Este foi um dos Fuscas mais modernos já produzidos, com direito inclusive a um novo painel, suspensão McPherson e maior espaço interno. No Brasil, tivemos versões como o Pé de Boi, uma versão simplificada lançada nos anos 1960, o 1600S (também conhecido como Bizorrão), a série Prata e Ouro, entre outras.
O Desafio da Concorrência nos Anos 70
No final da década de 1960, o Fusca já enfrentava uma forte concorrência no mercado europeu e principalmente no mercado americano. Montadoras americanas e japonesas ofereciam produtos cada vez melhores e mais tecnológicos, fazendo com que o público consumidor perdesse o interesse no já ultrapassado popular da Volkswagen. Carros como o Chevrolet Vega e o Toyota Corolla eram verdadeiras pedras no sapato da marca alemã.
A Volkswagen precisava manter o público interessado no seu produto. Se no Brasil a carroceria do Fusca parou de evoluir em 1963, na Europa e nos Estados Unidos, com a forte competição no segmento, a Volkswagen precisou renovar o modelo ainda nos anos 1970. Além disso, os carros da linha Type 3, lançada também nos anos 1960, que era o equivalente à nossa linha Volkswagen 1600, composta por um sedã, uma perua e um fastback, não surtiram o efeito esperado pela Volkswagen no mercado americano.
A Introdução do Super Beetle 1302 e 1303
A intenção da montadora alemã era continuar produzindo a versão antiga do Fusca, mas lançando uma mais moderna e atualizada, ou seja, um Super Fusca. Este modelo seria mais espaçoso, confortável e teria um porta-malas maior. Todas as peças da frente foram redimensionadas e o carro ganhou um novo chassi, além de vir agora com suspensão dianteira McPherson com molas helicoidais. A distância entre eixos ficou 2 cm maior e o estepe agora ficava alojado no porta-malas na posição horizontal. O porta-malas ficou 86% maior, passando de 124 litros para 255 litros, e o espaço atrás do banco traseiro, conhecido popularmente no Brasil como chiqueirinho, também foi aumentado. Ou seja, o carro teve um aumento considerável na sua capacidade de carga, entre muitas outras alterações técnicas.
Na traseira, a tampa do motor foi redimensionada, já que, em razão das modificações mecânicas, o propulsor havia ficado maior. A dirigibilidade do modelo melhorou muito, tanto que parecia mais um carro dos anos 70 do que um projeto dos anos 30, tendo um comportamento mais visível e estável, principalmente em curvas. Esse Fusca atualizado foi denominado como Super Beetle 1302, sendo lançado em agosto de 1970, já como modelo 71, disponibilizado nos Estados Unidos com motor 1.6 de 61 cavalos, e na Europa podia vir tanto equipado com o propulsor 1600 quanto com o 1300.
A Criação do Fusca 1303S GSR
Em 1973, a Volkswagen lançou uma versão ainda mais moderna do Fusca: o Super Beetle 1303. Este modelo recebeu um novo para-brisa maior e curvo, em razão de uma regulamentação de segurança dos Estados Unidos, no que se refere à distância entre o para-brisa e os ocupantes do veículo. O novo para-brisa melhorou a aerodinâmica e, principalmente, a visibilidade do carro. O teto e o capô também receberam alterações. Uma das principais novidades do novo 1303 era o novo painel, praticamente a primeira grande atualização no painel desde o lançamento do Fusca.
Apesar de todas essas evoluções, as vendas do Volkswagen em 1973 já estavam em queda na Europa e nos Estados Unidos. A Volkswagen sabia que em pouco tempo todos os compradores do Fusca se resumiriam àqueles que realmente gostavam desse carro e também àqueles que apenas buscavam carros baratos com um bom custo-benefício. Porém, o público geral teria preferência pelo Passat, lançado inclusive ainda em 1973, e pelos futuros Polo e Golf, carros mais modernos, dotados de tração e motor dianteiro arrefecido à água.
Para promover o Fusca na reta final de sua jornada na Europa, a Volkswagen pegou o Fusca mais moderno e atualizado que já existiu, o 1303, e colocou vários adereços estéticos e itens esportivos. Foram produzidas apenas 3.500 unidades dessa edição, hoje considerada um dos Fuscas mais raros do mundo. Ele foi denominado como Fusca 1303S GSR, sigla em alemão para esportivo amarelo e preto.
Detalhes do Fusca 1303S GSR
O Fusca 1303S GSR vinha de série pintado apenas na cor amarelo Saturno, com o capô, frisos, para-choques, maçanetas e tampa traseira do motor pintados em preto fosco. Versões esportivas de modelos como Commodore, Kadett e Manta utilizavam esse mesmo padrão de cores. Como opcional, a montadora oferecia ainda faróis auxiliares, aerofólio, luz de neblina e buzina em dois tons, entre outros. As rodas de aço eram de 15 polegadas, dotadas de desenho esportivo e mais largas do que a dos Fuscas comuns.
Interior e Equipamentos
Se esteticamente o carro tinha um visual bem esportivo, no seu interior o Fusca GSR trazia apenas bancos dianteiros esportivos com encostos de cabeça, volante esportivo e só. Não havia mostradores adicionais de série no painel, apenas um voltímetro como opcional. Contagiros não fazia parte dos opcionais, ao contrário da versão esportiva brasileira do Fusca, o Bizorrão, que recebeu quatro mostradores: um contagiros ao lado do velocímetro e mais três abaixo do painel. Além disso, para reduzir peso, a Volkswagen retirou os apoios de braço das portas do interior do GSR e no lugar colocou os da Kombi.
Performance e Mecânica
Na parte mecânica, o motor era o mesmo 1600 dos demais de 50 cavalos de potência, alimentado por apenas um carburador. Originalmente, o Fusca GSR era mais um esportivo de adesivo do que um esportivo de fato. Ele acelerava de 0 a 100 em 20 segundos, atingindo 135 km/h de velocidade máxima. Em comparação com o GSR, o nosso Bizorão tinha um desempenho melhor. Equipado com o motor 1600 da Brasília, de dois carburadores, ele acelerava de 0 a 100 km/h em 18 segundos e atingia 138 km/h de velocidade máxima.
O Legado do Fusca 1303S GSR
O Fusca 1303S GSR é um dos Fuscas mais raros e cobiçados pelos colecionadores. Sua combinação única de cores e adereços esportivos faz dele modelo icônico. Também desejado. Apesar de seu desempenho não impressionar tanto. Comparado com outros carros esportivos da época. Sua raridade e valor histórico o tornam peça valiosa para entusiastas do Fusca.
Conclusão
A história do Fusca é rica e cheia de reviravoltas. Desde sua origem na década de 1930. Suas várias versões lançadas ao longo dos anos mostram como Fusca sempre encontrou maneiras de se manter relevante e amado por fãs. O Fusca 1303S GSR exemplifica habilidade da Volkswagen em pegar veículo muito querido e imbuí-lo de esportividade e exclusividade. Mesmo em competição com rivais fortes.
Para entusiastas do Fusca conhecer história por trás dessas edições especiais raras é essencial. O Fusca 1303S GSR não é apenas carro mas também parte de legado contínuo na história automotiva. Que continua a hipnotizar gerações futuras com inspiração.
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